Atualmente, organizações preocupadas com a saúde estão empenhando seus esforços a fim de reduzir um problema que vem se agravando: a disseminação de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Como o próprio nome diz, as doenças crônicas não transmissíveis tratam-se de problemas de saúde sérios e não-contagiosos, sendo desenvolvidos ao longo da viga, geralmente como consequência de um estilo de vida desregrado e/ou maus hábitos alimentares.
Apesar de não serem transmissíveis, o número de pessoas que apresentam ao menos um problema do tipo vêm crescendo muito rapidamente. Geralmente são problemas que, sem o devido tratamento, podem comprometer o funcionamento de vários órgãos ou mesmo de um sistema inteiro, o que pode ser fatal com o decorrer do tempo.
No Brasil, está ocorrendo um processo de transição chamado por alguns de “transição nutricional”, onde a incidência de doenças infecciosas cai, enquanto que o número de casos de doenças crônicas não transmissíveis (que muitas vezes possuem origens em irregularidades nutricionais, daí o nome de transição nutricional) aumenta.
Que doenças são consideradas DCNT?
Problemas cardiovasculares e respiratórios, obesidade, câncer, diabetes e insuficiência renal crônica são algumas das doenças crônicas não transmissíveis mais comentadas, principalmente devido aos altos números de casos em todo o país, preocupando assim o setor público de saúde.
A hipertensão arterial, por exemplo, é uma DCNT que se origina da elevação anormal da pressão sanguíne dentro das artérias, o que pode comprometer o funcionamento do nosso sistema cardiovascular. Dois fatores que podem contribuir com tal quadro são o alto consumo de sais e a ingestão do “colesterol ruim”, que se deposita nas paredes das artérias, obstruindo as vias. A existência de parentes hipertensos também pode contribuir, bem como diversos outros fatores. Por ser um problema com poucas manifestações clínicas em suas fases iniciais pode tomar bastante tempo até ser diagnosticado, o que pode acarretar no desenvolvimento de outros problemas, como o acidente vascular cerebral (AVC) e coronariopatias (problemas no coração).
Já no caso da obesidade, trata-se do aumento excessivo de gordura corporal (o que contribui para o excesso de peso, sintoma mais visível da obesidade) a principal vilã, que pode levar a problemas cardiovasculares, respiratórios e ósseos. Este é um problema de saúde que preocupa bastante as autoridades e que será muito difícil de vencer, uma vez que o número de “inimigos” que podem causar a obesidade são muitos, desde frituras a comidas “fast food”.
A insuficiência renal crônica, por sua vez, pode ser ainda mais preocupante, uma vez que ela pode se desenvolver por anos ou décadas no organismo sem que seja perceptível e seus efeitos geralmente são muito graves e irreversíveis. Seu desenvolvimento geralmente provém de outros problemas de saúde, como a nefrite, e de irregularidades nutricionais, como o consumo de sais em excesso.
Já o diabetes possui como origem problemas na absorção e utilização da glicose em nosso organismo, que passa a se acumular no corpo, em diversos órgãos e na corrente sanguinea, gerando diversos problemas. Baixas taxas de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas e responsável pela conversão da glicose em glicogênio, são a principal causa deste tipo de problema.
Tratamento e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis
Segundo Eduardo Maranhão, pesquisador do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde (DEMQS/ENSP), cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo morrerão nos próximos 10 anos, vítimas de doenças crônicas não transmissíveis, mas que poderiam ter sido salvas se houvesse uma ação mais organizada e estruturada.
Autoridades e órgãos responsáveis desenvolvem assim os primeiros passos em busca de uma nova solução por meio de discussões entre pesquisadores, como ocorrera no VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia, por exemplo.
Além do tratamento, que é específico para cada tipo de doença, é necessária uma campanha vigorosa de prevenção de doenças crônicas não transmissíveis que leve em consideração o emprego de campanhas de conscientização por meio dos postos de saúde e visitas a escolas públicas e privadas.
Vale lembrar que as doenças não diferenciam as pessoas por sexo, posição social ou condição financeira, isto é, todos são suscetíveis a doenças crônicas não transmissíveis, sendo portanto esta uma luta de todos!